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OAB muda nome de Conferência Nacional para contemplar mulheres advogadas

Brasília ? O Conselho Pleno da OAB Nacional aprovou na tarde desta terça-feira (30) alteração no artigo 145 do Regulamento Geral da OAB para mudar o nome da Conferência Nacional dos Advogados. A conferência passa a se chamar Conferência Nacional de Advocacia. Ela é o órgão consultivo máximo do Conselho Federal, reunindo-se trienalmente, no segundo ano da gestão, tendo por objetivo o estudo e o debate das questões e problemas que digam respeito às finalidades da OAB e ao congraçamento dos advogados.A alteração já havia sido aprovada pelo presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, e por toda a diretoria do Conselho Federal, por unanimidade. Faltava ainda a proposta receber a aprovação do Conselho Pleno. ?Considero essa mudança de um simbolismo único na construção de espaços mais plurais e que respeitem a diversidade de gênero. Aguardávamos a chancela do Conselho Pleno para que isso pudesse ser oficializado e fico muito feliz e satisfeito em ver que o colegiado máximo da Ordem deu seu aval?, disse Lamachia.O diretor tesoureiro da OAB nacional, Antonio Oneildo, fez uma defesa efusiva da alteração estabelecida na propositura. Em tom de autocrítica, ele argumentou que os espaços devem ser construídos dentro do Sistema OAB para que possam ser ocupados por quem assim desejar, independentemente do gênero. ?Se este plenário fosse composto majoritariamente por mulheres, qual seria a leitura que seria feita aqui? Ainda não temos maioria de mulheres inscritas no sistema OAB, mas em 2017 as mulheres passarão a ser maioria. Até quando vamos sustentar essa condição de nós, homens e só homens, falar pelo sistema??, questionou ele.O diretor tesoureiro defendeu a importância da mudança do nome da conferência como uma questão de inclusão. ?É uma matéria de inclusão, muito relevante. Trata-se de compartilhar espaços, de ideias, de comunhão. E é um gesto que este Pleno faz, aprovando essa matéria de sinalização, não só para a advocacia, e não é só para as mulheres, é para os homens também, para todos e também para a sociedade. O Congresso Nacional não aprovou a reforma por mais mulheres na política. Nós aprovamos a reforma por mais mulheres na OAB. Incluímos a regra de no mínimo 30% e no máximo 70% da composição para cada gênero. Ampliamos, antes tínhamos quatro mulheres e hoje temos 12 mulheres no Conselho Pleno. Tínhamos 17% e hoje temos 37% de mulheres na direção do sistema OAB. É necessário construir espaços?, disse ele.A presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Eduarda Mourão, destacou que a mudança contempla a força da mulher advogada e é uma questão de respeito. ?Essa proposta (de mudança do nome da Conferência) nos parece bem-vinda e somos simpáticas a ela aja visto que nós advogadas entendemos que somos de fato, as próprias estatísticas mostram, uma maioria que está chegando com muita força e seria muito bom todos os colegas entenderem bem sobre essa questão de igualdade de gênero, que não afeta qualquer posição política que qualquer outro colega possa ocupar. É uma questão de respeito mesmo à força da mulher advogada em todo o país?, disse ela. ?É importante darmos um passo no sentido de defendermos a igualdade de gênero. Isso é extremamente saudável para nossa instituição nesse momento?, acrescentou ele.O vice-presidente nacional da OAB, Luís Cláudio da Silva Chaves, também saudou a mudança como algo positivo para estimular a participação das mulheres no sistema OAB. ?Acho que é muito importante essa alteração. Do ponto de vista cultural até porque querendo ou não o nosso universo ainda é masculino. A mudança da nomenclatura dá um arejamento favorável à participação mais ampla das mulheres, da juventude e também de outros segmentos?, disse ele.?A expressão ?Conferência Nacional dos Advogados? não reflete com exatidão a grandeza e a abrangência do evento, que reúnem diversos atores envolvidos nas questões de interesse da advocacia e da sociedade brasileira?, disse o conselheiro federal pelo Espírito Santo, Luciano Rodrigues Machado, relator da proposta. ?A equiparação entre homens e mulheres deve ser observada em toda e qualquer situação. Com efeito, não pode ser dado às mulheres um lugar de menor destaque, muito menos em um evento de extrema relevância para a advocacia e sociedade brasileira, como a Conferência Nacional. Assim, como forma de melhor refletir a relevância do evento e, sobretudo, como forma de extirpar qualquer indício de discriminação de gênero, a alteração da denominação do evento para ?Conferência Nacional da Advocacia brasileira? é medida de extrema importância?, acrescentou ele.